"Para quando a África? Esta é uma pergunta que preferimos evitar, de tal modo África parece não ter futuro. Mas Joseph Ki-Zerbo, historiador e homem de ação burkinês, não pode nem quer ocultá-la. Durante esta longa e notável entrevista - que, sob certos aspectos, refaz o percurso de sua vida -, ele desenha um relato vivo e comovente da África nos tempos da globalização. Uma África que, segundo ele, desde o século XVI, é uma espécie de vagão do trem do desenvolvimento.
Joseph Ki-zerbo contribuiu grandemente para dotar a África de uma história própria, diferente da escrita pelo colonizador. Para ele, a África, que por assim dizer inventou o homem - pois nela se desenvolveu a primeira grande civilização da humanidade, a egípcia -, deve conquistar sua identidade, orgulhosa de sua contribuição para a aventura humana, a fim de tornar-se um ator no mundo. ' Sem identidade - diz ele -, somos um objeto da história, um instrumento usado pelos outros, um utensílio.'
Esta é uma obra apaixonante, plena de uma África vivida e estudada durante décadas, rica de profundas reflexões do autor sobre o papel de sua profissão para a ação concreta dos homens, foi publicada como uma gota de esperança num oceano de tragédia.
Joseph Ki-zerbo, nascido em Toma (Burkina Fasso) em 1922, é historiador. Publicou a Histoire de l'Afrique noir (Hatier), dirigiu dois volumes da monumental Histoire générale de l'Afrique (UNESCO) e La Natte des autres: pour un développement endogène en Afrique (Kartala). É entrevistado por René Holenstein, doutor em História e especialista em questões de desenvolvimento, que trabalha há muito tempo em Burkina Fasso
Este livro obteve o prémio RFI Témoin du Monde 2003."
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